Garopaba, 31 de julho de
2020.
Os escravos africanos
Os escravos africanos e seus descendentes resistiram bravamente à
destruição da sua cultura, o que resultou na manutenção de muitos de seus
valores e costumes, ainda que adequados às exigências dos colonizadores. O
resultado dessa adequação produziu o que chamamos de sincretismo
religioso, nesse caso, o resultado da mistura de símbolos religiosos africanos
com símbolos religiosos católicos, já que a Igreja Católica era contrária às
manifestações religiosas originalmente africanas.
Por
meio de seus cultos, nos quais a reza se misturava com o batuque, com a dança e
com o canto, os negros reagiam à imposição que a Igreja Católica lhes fazia de
seu Deus, assim como extravasavam os dissabores do pesado trabalho nas lavouras
e nas minas.
Contudo,
as danças e cantos que marcavam a cultura africana e qualquer outro tipo de
cultura popular no Brasil Colônia eram vigiados de perto e considerados imorais
pelo clero católico; por isso, muitas vezes, eram misturados a manifestações
culturais de caráter sagrado.
É
inegável que houve um salto considerável em termos culturais no Brasil colonial
do período de predominância da cana-de-açúcar para o período da mineração. A
maior circulação de pessoas e de riquezas em um ambiente mais urbano do que
rural permitiu uma mobilidade social que o Brasil ainda não tinha conhecido até
o século XVIII.
Jogar
capoeira, de Rugendas. A capoeira, uma mistura de dança, jogo e luta praticada
pelos africanos e seus descendentes no Brasil, não era bem vista pela elite
colonial brasileira, o que fez com que ela fosse combatida e até proibida.
Vila
Rica (atual Ouro Preto) foi um dos principais centros das mais variadas
manifestações artísticas, chegando a comportar a primeira Casa de Ópera do
Brasil. O barroco mineiro é apontado como a maior expressão do desenvolvimento
cultural ocorrido nas Minas Gerais.
Contudo,
não podemos nos esquecer de que as manifestações culturais ocorridas no Brasil
colonial eram, em sua grande maioria, reproduções da cultura europeia, haja
vista o fato de o Brasil ser uma colônia de exploração e estar submetido ao
controle da metrópole (Portugal). Mesmo a arte popular, mais regionalizada e
desenvolvida de forma endógena, sofria o controle e as punições impostas ou
pela Igreja Católica ou pelo próprio Estado português.